Hoje estava na praia quando ouvi a notícia da morte de Da. Marisa Letícia Lula da Silva. 66 anos, pouco mais jovem do que eu, e, de repente, uma gavetinha abriu na minha memória e lembrei que um dia estive com ela. Era o dia 27 de setembro de 2010 e a DC Set estava produzindo a festa de gala dos 100 anos do Corinthians no Auditório Elis Regina, no Anhembi (SP) com mega show do artista Roberto Carlos. A plateia estava repleta de celebridades, jogadores de todos os tempos, políticos, e na lista constava o presidente Lula da Silva, corinthiano roxo… Naquele mês de setembro o presidente Lula estava empenhado na campanha da então candidata Dilma Roussef e, coincidentemente, naquele dia. faria um comício nas redondezas… As equipes DC Set e RC estavam a todo vapor na super produção e, entre outras funções, caberia a mim, junto com Andres Sanches, presidente do clube, receber Lula e comitiva… Pouco antes do show começar um telefonema avisa que o comício havia se delongado e o presidente pedira à sua esposa, Da. Marisa Letícia Lula da Silva, para representar a família. Rapidamente a equipe afinou a logística e fomos receber a primeira dama no estacionamento. Uma chegada discreta, pouco aparato, e me lembro bem do seu jeito delicado ao descer do carro, recompor o casaco em tom caramelo que ia até abaixo dos joelhos, estender a mão e dizer “muito prazer” com um simpático sorriso. Expliquei que para escapar do assédio do público iriamos entrar pelos bastidores, que o caminho era um pouco tortuoso e, enquanto caminhávamos entre fios e caixotes, ela com salto alto e eu com o privilégio de um sapato baixo, senti que segurou o meu braço buscando apoio e fomos andando como duas amigas que vão às compras de braços dados. Era uma mulher de estatura mediana, magra, falando baixo, um jeito delicado. No nosso trajeto, talvez uns 500 ms, em certo momento ela foi vista por parte da plateia que estourou em gritos e aplausos. Da. Marisa respondeu ao aceno não como uma estrela entrando no palco, mas como uma pessoa comum que revia os amigos à distância. Detalhes dos bastidores não importam…O que ficou foi a simplicidade ao andarmos de braços dados… Desejo que sua nova caminhada seja de luz, amparada por bons amigos ….
Foto : Revista Veja – Abril
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